Adestrar x Doutrinar
A questão do adestramento humano, levantada no post anterior é muito polêmica.
Muitos dizem ser algo absurdo e que abitola a mente das pessoas, condicionando elas a agiram de maneira programa e não espontânea.
Como robôs que só agem e não pensam.
Entendo o posicionamento de quem pensa assim, mas acho que há uma confusão bastante lógica.
Uma linha tênue separa o termo doutrinamento do termo adestramento.
Termos que, à primeira vista, são muito semelhantes, mas quando analisados melhor, percebemos que são bastante distintos.
Doutrinar
1. Formular, transmitir, pregar
doutrina ou nela instruir alguém; ensinar.
Ex: Doutrinou a criança nos princípios da fé.
2. Incutir opinião (em alguém), ponto de vista
ou princípio sectário; inculcar em alguém uma crença ou atitude particular, com
o objetivo de que não aceite qualquer outra.
Ex: Doutrinaram-no para não discutir ordens
superiores.
Adestrar
1. Fazer com que fique hábil para
realizar determinada ação ou trabalho.
Ex: Os policiais adestraram-se para a missão.
2. Tornar destro, capaz, hábil
(em alguma coisa), habilitar (-se), preparar (-se), instruir (-se), educar
Ex: O
tutor o adestrou para não ser mal-educado.
O adestramento, ao contrário da doutrinação, não tira a liberdade de pensamento e consciência do indivíduo, muito menos induz à uma crença particular, reprovando e descartando qualquer outro tipo de crença.
Pelo contrário, em muitos casos de adestramentos (bem feitos), as consequências foram tão benéficas que, os indivíduos – com mentes mais aptas, hábeis e focadas – puderam explorar e aproveitar melhor suas criatividades que antes ficavam em desuso e sem prumo.
Nos exércitos temos forte adestramento, pois os soldados são treinados para exercerem determinadas funções de pronto, com foco.
São expostos à desafios que, quando superados, proporcionam gozos.
Da mesma forma que, quando um militar age de maneira inadequada, sofre punições (feedback negativo).
Mas a grande diferença dessas grandes organizações e cultos é que, além do adestramento, há também um processo de doutrinação muito forte.
No caso do exército, essa doutrinação se dá por meio de um sistema baseado em hierarquias, onde um subordinado jamais poderá contestar um subordinante. Logo, ele é privado do direito consciencial de expor suas opiniões e vontades (não pelo adestramento, mas pelo doutrinamento).
E nas igrejas também vemos que, apesar de haver adestramento (instruindo determinadas atitudes e negativando outras), há severa doutrinação e imposição de ideais. Aqui, o direito consciencial de criticar e questionar os dogmas é altamente repreendido, com objetivo de formar indivíduos com padrão de pensamentos e atitudes.
Então, fique claro que estamos falando de adestramento bem feito (sem doutrinação), com finalidade única e exclusivamente de focar e instruir boas ações e habilidades.
E com boas ou más ações, refiro-me à atitudes que, invariavelmente – independente de cultura, época ou região –, serão consideradas de maneiras diferentes.
Como a preguiça, falta de foco, má-educação (no que tange à desrespeitar as pessoas), a falta de sensibilidade e amabilidade com o próximo e etc.
Então, aos que ainda tem dúvida quanto ao tema, estarei disposto a ajudar.
Sintam-se livres para exporem suas ideias.
Abraços e muita paz.
Att, Luiz Claudio
