Nem melhor, nem pior
Quando entrei para o conjunto da mocidade, na igreja, a líder do conjunto me intimou a remover meu piercing da orelha. Quando questionei o porquê ela simplesmente disse que era regra.
A priori eu não entendi e não engoli aquela resposta. Não sou do tipo que aceita uma resposta que não tenha uma lógica ou cadeia de raciocínio por base, mas como eu sentia enorme vontade de entrar para o conjunto e não queria chegar já contrariando a líder, achei melhor ser condescendente.
Abri mão do piercing na minha rotina. Passei a usá-lo somente quando saía para algum lugar que exigisse que eu me arrumasse.
Não estava escondendo nada de ninguém, mas aquela situação começou a me incomodar enormemente. Sentia-me como se fosse vigiado o tempo inteiro e que não tinha liberdade para ser quem eu era.
Pode parecer exagero meu, mas o piercing faz parte de quem eu sou. É uma característica minha.
Não que eu não possa viver sem, pois eu posso. Mas o que me incomodava não era o fato de eu ter parado de usar o piercing, mas sim o fato de eu ter parado de usar o piercing por vontade de outra pessoa, não minha.
Mesmo eu não escondendo de ninguém, a líder ainda não tinha visto que eu ainda usava. Eu também não fiz a mínima questão de sair contando, mas sabia que uma hora ela iria ver/saber e tirar satisfações comigo.
Quando contaram para ela que eu estava usando, ela não perdeu tempo e veio me intimar. Disse que era errado e que não era bíblico. Que Deus repudia esse tipo de atitude e que eu não deveria usar.
Como não sou besta, desde a primeira intimação eu comecei a pesquisar e estudar sobre o tema. Li diversas matérias e fui a fundo na bíblia para ter base para meus argumentos.
A verdade é que não há NADA na bíblia que diga que é errado usar piercing ou fazer tatuagem.
A questão é que muitas pessoas pegam trechos do Velho Testamento e querem usar nos dias de hoje ao seu bel prazer. Gente assim precisa entender que o V.T foi escrito para os seres humanos de uma época praticamente primitiva, onde a escravidão e outros costumes bárbaros faziam parte do cotidiano. Onde o ser humano não possuía o menor senso crítico ou moral das coisas, além de domínio nulo de tecnologias.
Não podemos aplicar regras baseadas nos costumes de culturas arcaicas nas culturais atuais. Os tempos mudaram, as tecnologias inovaram, os costumes mudaram, o ser humano evoluiu de lá pra cá.
Expus tudo que havia estudado para os líderes e disse que removeria meu piercing definitivamente se e somente se eles tivessem um respaldo bíblico para suas opiniões, pois fora isso estariam apenas querendo modificar algo em mim que eles não gostam por individualidade ou dogma.
Se eles não gostam de piercing/tatuagem, não usem/não façam, mas dizer que é errado aos olhos de Deus já é querer enganar os mais leigos que não se dispõem a estudar o evangelho.
Enfim... deixo claro que não sou melhor que ninguém, e nem pior.
Também não fiz tudo isso com intuito de humilhar, ser superior ou desacatar autoridade.
Somente fiz porque não aceito respostas meia-boca e odeio que queiram me forçar a fazer algo.
Você que é líder, principalmente de algum projeto que envolva jovens, perceba que seu papel é fundamental na formação de caráter, logo você precisa sempre se atualizar para não ficar preso a costumes arcaicos e, invés de aproximar, afastar os jovens.
Att, Luiz Claudio.
