Entre o céu e a terra
Foi publicada no portal MegaCurioso uma matéria sobre um menino que conseguia ler os pensamentos da mãe. (Link da matéria aqui)
O garotinho Ramses, de apenas 5 anos de idade, foi testado por uma neurocientista para que fossem analisados seu supostos "poderes".
O menino, que é autista, teria desenvolvido habilidades extraordinárias desde a mais tenra idade, segundo a mãe, como por exemplo ter dito a primeira palavra aos quatro meses de vida ou resolver equações matemáticas complexas com apenas um ano de idade, além de ser capaz de falar diversos idiomas — como russo, árabe e japonês.
De acordo com a matéria, as habilidades telepáticas do menino foram testadas através de um dispositivo que escolhia números aleatórios que deveriam ser memorizados pela mãe do garoto.
Depois, Ramses deveria revelar quais os algarismos que sua mãe estava pensando.
O menino acertou três dos cincos números utilizados no teste.
O motivo pelo qual estou escrevendo tem como combustível principal a enxurrada de comentários que li sobre a matéria.
Pessoas dizendo que não tem nada de mais uma criança resolver equações matemáticas complexas ou falar vários idiomas, pois isso poderia ser somente uma reprodução de algo que lhe ensinaram.
Outros tirando todo o crédito da matéria e da neurocientista — que se apesar de não ter obtido resultados conclusivos, se deu por satisfeita e acredita que a telepatia seja possível — por ser tratar de assuntos paranormais.
A única crítica coesa que considerei foi ao fato de que não foi revelada a escala numérica usada para o teste, pois acertar 60% num universo de dez algarismos poderia indicar que foi chute/sorte, mas 60% num universo de 100~1.000 números é bastante impressionante.
Não sei em que mundo essas pessoas vivem, mas particularmente nunca conheci uma criança de tão pouca idade que resolvesse equações ou falasse outros idiomas.
Eu quando criança só sabia babar e mal usar o penico.
Sobre a questão da telepatia, não coloco minha mão no fogo, mas não duvido que seja possível.
Afirmar que algo exista ou seja possível sem nenhum embasamento racional é tolice, mas o mesmo vale quando se nega a existência ou a possibilidade de algum fenômeno.
Muitos fenômenos que a própria ciência hoje tem como fato, em épocas passadas eram tidos como impossíveis, improváveis ou inexistentes, devido à ausência de tecnologia que oferecesse base.
Aos pseudointelectuais que adoram usar jargões científicos para descreditar algo, cuidado quando negarem com veemência algo que foge da compreensão humana (até o momento).
Ninguém detém o conhecimento universal (nem a ciência).
"Há mais coisas entre o céu e a terra do que a vã filosofia dos homens pode imaginar."
- Shakespeare.
Devemos questionar e duvidar de tudo, mas com cetitismo sadio, que nos coloca na posição de saber que nada sabemos e que o que hoje temos como verdade, amanhã já poderá ser obsoleto.
Especificamente nesta matéria, existem inúmeras dúvidas e questionamentos a serem levantados:
Pode ser edição; o menino poderia apenas ter uma super memória – o que não deixa de ser incrível; pode ter sido sorte.
O que não devemos, de maneira alguma, é excluir a possibilidade de que a telepatia é uma verdade, ainda que pouca ou nada explorada pela nossa espécie.
O cérebro humano é incrível e estamos muito longe de descobrir e usar o seu verdadeiro potencial.
Talvez o que hoje consideramos como paranormal ou absurdo — como telepatia ou telecinese – daqui há algumas gerações serão tão normais quanto se comunicar através da fala oral.
E assim como temos dificuldade em imaginar como as gerações passadas viviam sem internet, TV e smartphones, os nossos descendentes poderão ter dificuldade em imaginar como nós vivíamos sem nos comunicar por pensamento ou pegar coisas com a mente.
Vai saber...
Att, Luiz Claudio
